A primeira coisa a entender é que streaming vem de stream – corrente, fluxo, em inglês. E no mundo virtual, a palavra quer dizer justamente isso: um fluxo constante de dados, sendo transmitidos de uma fonte emissora – no caso, gigantescos datacenters – até inúmeras fontes receptoras: nossos computadores, celulares, tablets, consoles e tvs inteligentes.
O outro fato curioso é que o streaming foi uma das primeiras maneiras encontradas para transmitir áudio e vídeo na internet. No começo do começo da rede, as primeiras experiências desse tipo de distribuição de conteúdo usavam streaming. Só depois vieram outras técnicas, como o download progressivo – que hoje é usado pelo YouTube, por exemplo. Mas, isso é assunto para outra matéria do Olhar Digital. Hoje, o foco é entender o que o crescimento do streaming pode representar para a indústria da televisão.
Nos Estados Unidos, a televisão vive uma era de ouro, com criatividade em alta e produções impressionantes. Alguns exemplos mais óbvios são as séries consagradas, como Breaking Bad, Mad Men e Game of Thrones. Todas sucesso mundial. Pois boa parte do sucesso desses programas se deve ao mundo virtual. Assim que os episódios vão ao ar, a internet e as redes sociais se encarregam de expandir o alcance das histórias. Com isso, grandes produtores de conteúdo começaram a perceber que o mercado da internet pode ser muito maior que o mercado da televisão, e começaram a distribuir seus conteúdos também pela web. Até o contrário começou a acontecer. Netflix e Amazon, por exemplo, que atuavam como distribuidores do conteúdo gerado por outros, perceberam que seria interessante também passar a produzir. E, livres das amarras comerciais da televisão, se deram muito bem nesse terreno, com séries e documentários elogiados. Um dos exemplos é o, digamos, filhote de Breaking Bad, a série Better Call Saul – produzida pela Netflix com qualidade similar às aventuras do professor de química que ganhou o mundo.
O resultado dessa conjunção de interesses está criando um novo momento para a televisão. Nos Estados Unidos, já existem tantas opções de serviços de streaming que alguns já abandonaram as assinaturas de TV em favor das assinaturas de aplicativos. Pela primeira vez em décadas, o número de assinantes da televisão tradicional vem caindo. Assim como as audiências da TV aberta. Se a manobra vale a pena ou não, depende do quanto e do que você consome de TV.
Um marco importante nessa história é o acordo recente entre HBO e Apple. Pela primeira vez, um grande produtor de conteúdo norte-americano abriu a possiblidade de acesso a sua programação sem que o telespectador tenha que comprar um pacote inteiro de TV por assinatura. Quem quiser, pode assinar o aplicativo HBO Now e assistir a tudo que é produzido pelo canal. Por enquanto, a novidade está restrita ao mundo Apple: apenas Apple TV, iPhones e iPads têm acesso ao aplicativo. Mas, em breve, ele estará disponível para outras plataformas, como o Android.
Todo esse movimento está acontecendo de maneira mais forte nos Estados Unidos. Mas, no Brasil também já começamos a nos acostumar com esse novo jeito de assistir TV. Essa mudança só está acontecendo porque a tecnologia de streaming avançou muito nos últimos anos. A velocidade da banda larga também contribuiu, é claro. Mas, justamente por os meios de transmissão são mais eficientes, você não precisa ter 50 mega de velocidade para poder acompanhar sua série favorita. Teoricamente, com 5 mega de velocidade, você já se resolve. É claro que as operadoras brasileiras dificilmente entregam a velocidade que vendem – então, talvez, os 5 mega não bastem por que você – na prática – não recebe pelo que paga... Mas, essa também é outra história... a verdade é que você não precisa de altíssimas velocidades para assistir a conteúdos em HD via streaming. E distribuir esse sinal dentro da sua casa está cada vez mais fácil, como mostramos na série casa conectada, recém exibida aqui, no Olhar Digital.