O novo smartphone da Apple tem muito pouco de novo. O iPhone SE, apresentado ontem na sede da empresa, em Cupertino, recupera o formato de quatro polegadas e traz quase todos os upgrades do topo de gama iPhone 6s. Mas há aqui uma diferença fundamental em relação a tudo o que a Apple fez anteriormente: este é o iPhone mais barato de sempre sem redução da qualidade do hardware.
"Os iPhones de quatro polegadas são uma parte importante das nossas vendas", afirmou o executivo Greg Joswiak, que apresentou o novo smartphone. Em 2015, a Apple vendeu trinta milhões de iPhones com quatro polegadas, sendo que o último foi o 5s, lançado em 2013. "Algumas pessoas simplesmente preferem telefones mais pequenos, com design compacto", explicou Joswiak. "E para muitos destes clientes, é o primeiro iPhone que compram", completou. A Apple tem agora cinco versões disponíveis.
O grande argumento, no entanto, é o preço. Muitos clientes que nunca tiveram um iPhone estão na China, e é nos mercados emergentes - onde o preço importa - que a venda de smartphones continua a crescer. Também é uma piscadela aos consumidores dos mercados desenvolvidos que têm optado por modelos Android mais baratos. Em Portugal, onde o segmento é dominado pela Samsung e a francesa Wiko tem aparecido em segundo, o iPhone SE estará disponível para pré-compra em 29 de março, a partir de 499 euros, livre de contrato, e chegará às lojas nacionais no início de abril. Não é tão barato como nos EUA (435 dólares com IVA), mas é uma diferença substancial em relação aos outros modelos: menos 150 euros que o 6 e menos 260 euros que o 6s.
Estará disponível em quatro cores, incluindo rosa dourado, mas Joswiak disse que "é no interior que o iPhone SE brilha: tem tecnologias que o tornam no telefone de quatro polegadas mais avançado de sempre." Um argumento fácil de fazer, já que o hardware é muito semelhante ao 6s e melhor ainda que o 6 e 6 Plus (versões de 2014). O coração do telefone é o processador A9 com arquitetura de 64 bits, que tem embebido o coprocessador de movimento M9. "Isto significa que o iPhone SE tem o mesmo desempenho de processamento que o 6s, o que é o dobro da velocidade do iPhone 5s", informou Joswiak.
De resto, quase tudo o que é bom no topo de gama foi importado para esta versão mais pequena - o modo "Hey, Siri", que permite ativar o assistente digital por voz sem tocar no botão Home, a câmara iSight de 12 megapixels que grava vídeo 4K, câmara lenta e fotos "vivas", o leitor de impressões digitais Touch ID com sistema de pagamentos Apple Pay e melhor duração da bateria que o iPhone 6. Ausente está o toque 3D, funcionalidade reservada para os premium 6s e 6s Plus.
O mesmo esquema foi usado para a segunda versão do iPad Pro, que foi buscar todas as características do "super iPad" lançado no ano passado mas com um ecrã reduzido, 9,7 polegadas em vez de 12,9. O preço também desce: a partir de 699 euros para 32 gigas, menos 240 euros que o original. Esta foi, aliás, uma das apresentações mais agressivas de sempre em termos de preços - o Apple Watch passa a custar 379 euros, menos 50 que o original.
"Estamos sempre a avançar e a inovar, a fazer coisas que afetam positivamente muita gente, é algo que a Apple tem feito há quase 40 anos", disse o CEO Tim Cook no final, lembrando que a marca completa 4 décadas a 1 de abril.
Em Los Angeles